quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

BBAS3

Saiu hoje o resultado do Banco do Brasil (BBAS3), divulgando um lucro líquido (LL) "recorde" de R$15,8 bilhões no ano de 2013, mas ao mesmo tempo a bolsa abriu com a cotação despencando mais ou menos 5%. O que aconteceu?

a) esse LL recorde em 2013 de R$15,8 bi inclui lucros não-recorrentes como a venda da BB seguridade. O LL recorrente foi mais ou menos R$10 bi.
b) o lucro do último trimestre de 2013 diminuiu, enquanto os outros dois bancos grandes mostraram resultados bem melhores. O LL recorrente do trimestre foi R$2,4 bi.
c) o crescimento do Banco do Brasil vem caindo. Banco grande com desempenho de banco médio.
d) o mercado em geral está pessimista de forma geral, especialmente os estrangeiros.
e) é possível que o Brasil seja rebaixado por alguma agência de classificação.

Se anualizarmos o LL do último trimestre, teremos um R$9,6 bi anuais. Dividindo pelo número de ações, teremos um LPA anual de R$3,35. Assim, em uma cotação de R$20,80 dá um P/L de 6,20.

O DY em 2014 provavelmente vai cair em relação a 2013, inclusive por causa dos eventos não-recorrentes no LL. O primeiro provento a cair em 2014 não ajuda a animar muito, é menor que o de 2013 e 2012.

O P/VPA está em 1.

Não olhei ainda em relação ao PDD.

Conheço alguns investidores fundamentalistas bons que já se livraram totalmente de BBAS3 hoje mesmo, assumindo prejuízo (e chingando o PT).

Não vou vender BBAS3 de imediato, pelo menos não a esses preços com P/L=6 e P/VPA=1, já que a situação embora não seja boa por causa do baixo crescimento, também não é péssima e o preço baixo já estava mais ou menos prevendo o efeito bolivariano sobre a estatal. Mas também não vou comprar mais porque já estou bastante comprado e é a minha maior posição na carteira.

Obs: este artigo é uma opinião pessoal e não representa recomendação de compra ou venda.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

KLBN4

Klabin é o exemplo de empresa listada em bolsa que é uma amostra da insanidade do mercado financeiro, sem contar que é um papel recomendado por várias corretoras. Eu nem acompanho essa empresa, mas vejam alguns dos indicadores (valores aproximados):

P/L=36
P/VPA=2
DY=3%
ROE=5%
Margem Bruta=37%
Dívida Bruta/PL=130%



Fonte do gráfico: GuiaInvest

Sem querer trollar, mas eu queria que algum acionista me explicasse qual é o atrativo de manter esse papel em carteira... Promessa futura? Esperança?

Vejam só as justificativas da Rico Corretora para a Klabin:

  • Estrutura de capital confortável da empresa, sem problemas de alavancagem
  • Eficiência Operacional
  • Histórico de crescimento por caminhos conservadores
  • O bom momento para companhias de papel e celulose na bolsa de valores.
Fonte: http://tissueonline.com.br/acoes-da-klabin-estao-entre-as-recomendacoes-para-fevereiro/

A Coinvalores também recomenda Klabin:

Fonte: http://www.infomoney.com.br/onde-investir/acoes/noticia/3185560/corretora-indica-papeis-para-investir-mais-nesta-semana

Quero entender...

Nota: Este blog não faz qualquer recomendação de investimento e não se responsabiliza por decisões influenciadas com base no conteúdo do mesmo.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O Pânico dos Outros é Meu Lucro

As opiniões abaixo são pessoais e não servem como apoio à decisão de investimento.

O ano de 2013 foi positivo para minha carteira (mais ou menos +10%), mas o primeiro mês de 2014 mostrou uma grande queda no valor de mercado (aproximadamente -10%). Estou fortemente comprado em BBAS3, que caiu bastante, e outras ações que tenho posição considerável também despencaram por causa da intranquilidade do mercado acionário.

BBAS3 nessa faixa de R$20,xx é linda de se comprar, aliás se continuar comprando mais vai acabar virando all-in! :) Embora existam papéis bons na bolsa, mas nada "quase de graça" como foi em 2008, acabei focando mais em FIIs. Nas cotações e rendas atuais há várias delas dando 11%/ano mais correção. Algumas cotações recentes de FIIs já permitem ao investidor 1% de rendimento mensal. Não existe intranquilidade no mercado de fundos imobiliários, mas sim existe PÂNICO. Não só pelas quedas em si, mas em certos momentos você percebe pelo comportamento das ordens no book que tem gente no desespero irracional para vender suas FIIs. Quanto mais cai a cotação, maior o desespero. Dá para entender o desespero no caso de investimentos que micaram, como as empresas X, mas com papéis que mandam dinheiro vivo na sua conta mensalmente, não dá para entender...

Com FIIs valendo 70-80% do seu valor patrimonial (ou menos), existe uma "margem de segurança" muito boa para eventuais crises reais. A realidade do mercado financeiro é que o pânico dos OUTROS resulta em meu LUCRO. Será revertido para uma independência financeira mais rápida. Foi assim em 2008 com ações (era o fim do mundo capitalista, quem lembra das besteiras dos comunas?), desta vez é com FIIs. O ano de 2008 foi o meu divisor de águas financeiro, de um esquema B&H meio idiota (estilo Bastter embora nem conhecesse essa porcaria) para as compras baseadas totalmente em valor e oportunidade.

Até o começo de dezembro do ano passado nem tinha FIIs em carteira (e nem dava muita bola), mas elas desabaram tanto que acabaram chamando minha atenção. Hoje já são mais de 10% da minha carteira, e amanhã que é dia de pagamento vou comprar mais um pouco. Não tenho um objetivo fixo de preencher X% da minha carteira, conforme estiver barato, vou comprando. Se as promoções continuarem, vão chegar aos 20% ou 30% nos próximos meses...

Durante Fevereiro vão cair alguns proventos das minhas ações, o que permitirá mais compras de ativos descontados. É em momentos de crise que o DY das ações fazem diferença. Nem preciso comprar da mesma empresa que distribuiu os dividendos, posso alocar em um ativo com melhor valor naquele momento. Aliás até rio para quem acha que dividendo não serve para nada, porque desconta da cotação...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O Que é Classe Média

Nos últimos anos temos visto na mídia com grande frequência menções ao aumento da classe média brasileira e um novo conceito chamado de "nova classe média". É natural que não exista uma definição universal de classe média, mas será que não estão distorcendo o conceito de classe média para fins políticos?

Fala-se tanto na tal "nova classe média" na mídia, e levando em conta que boa parte dos nossos jornalistas são meros papagaios que repetem informações sem fazer uma avaliação crítica, existe o risco de transformar uma mentira ou meia-verdade oriunda de certos setores políticos em uma verdade concreta e absoluta, assim como foi a autosuficiência em petróleo [link] ou o pagamento da dívida externa [link].

Segundo o Marcio Pochmann do IPEA, que lançou um livro a respeito da suposta nova classe média, a ascensão econômica de uma parcela significativa da população brasileira "não se trata da emergência de uma nova classe — muito menos de uma classe média." [link] (Detalhe que o autor disputou a prefeitura de Campinas em 2012 pelo PT)

A Marilena Chauí, aquela professora da FFLCH-USP que odeia a classe média "antiga", também diz que "os programas sociais do governo tenham criado uma nova classe média no Brasil. O que eles criaram foi uma nova classe trabalhadora." [link] Depois ela continua com o blá blá blá típico de comunista que não vale a pena sequer ser reproduzido, mas está no link. Ou seja, os dois petistas acima discordam que a "nova classe média", usado como marketing pelo governo do PT, é de fato, classe média.

Dentro da minha concepção pessoal do que é classe média, imagino uma família com as seguintes características gerais:
- possui um imóvel próprio ou alugado, que não esteja em situação irregular ou precária;
- possui eletricidade, água potável e sistema de esgoto (ou fossa para áreas afastadas ou rurais);
- possui trabalho formal que exige um certo grau de escolaridade;
- não depende de programas assistencialistas do governo;
- possui renda suficiente para alimentar e vestir todos os membros da família;
- possui eletrodomésticos e TV;

- tem acesso a escolas, mercados, e atendimento de saúde.

A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), que é um órgão de governo federal, definiu em 2012 um "critério" para a identificação da "classe média brasileira", definindo como o grupo de famílias com renda per capita entre R$291 e R$1.019. [link][link][Wiki]

Alguém com uma capacidade crítica mínima pode questionar: Como é que se pode definir alguém que ganha ABAIXO do salário MÍNIMO (R$724) pertencer à classe média? Não é o próprio governo federal que define o valor do salário mínimo? Um casal sem filhos que ganha em conjunto R$600 é da classe média, sendo que na prática esse valor iria em sua maior parte para o aluguel de moradia em uma favela em SP ou RJ!

Pasmem, a classe média ALTA é definida pelo rendimento per capita entre R$640 a R$1.019, e a classe ALTA logo acima dessa faixa. [link] Ou seja, uma família típica com dois filhos, que ganha R$3.000 no total, é classe média alta! Uma pessoa sozinha que ganha R$1.500 é classe alta, mas com esse valor mal consegue alugar um apartamento de classe média em São Paulo...

Seria de se perguntar em que classe se encaixa um político brasileiro?

Detalhe curioso é que a própria Marilena Chauí participou da comissão criada pela SAE para definir a classe média no Brasil. [pdf]

Assim, é fácil transformar metade do Brasil em classe média! Pegaram a renda per capita no Brasil inteiro e mais ou menos fizeram uma média, chamando de classe média quem está na média... O pior é que até a imprensa cai nessa, até o pessoal do noticiário da Globo News repete isso feito papagaio.